eu voo, se tu me vires
se me vires
se me olhares...
vou conseguir que o sol nasça por cima de nuvens
e que só te seja perceptível a ti ,
consigo que ele me siga no meu infinito esvoaçar
e
voo, se tu me vires !
se me sentires por aí a voar
vais saber que nesse dia o sol não se vai pôr
nem sequer nasceu...
nasceu aqui, ao pé de mim !
em cima de nuvens
onde voo, se tu me vires...
já não me perco depois de cansada
descanso num imenso tapete de nada
ali me deito
ali me quedo
adormeço
acordo
e volto a voar
chego até lá, ao fundo de tudo
ao buraco daquele sol
que não vês,
nasceu só para mim
e só tu o consegues sentir aí,
eu só voo,
se tu me vires !
Quando o sol nascer por cima dessas nuvens
adivinhas que o chamei para mim.
Olha-me!
sou eu que estou a voar!
eu voo, se tu me vires...
estou cá por cima,
tu vais saber que sim
quando ninguém vir o sol por aí
é porque eu voo por aqui
e
só voo, se tu me vires...
descanso
deitada, sem asas,
figura quedada num mutante quadro.
aqui não há sangue
não há carne...
nem vísceras...
nem vísceras...
nem lágrimas...
daqui não vejo,
sem saber sentir mais nada,
voo
sem nunca mais me cansar,
este sol não me vai deixar de brilhar
aqui em cima.
Aí ninguém verá a luz de nada
e
quando o meu oferecido sol
um dia não te nascer, por baixo de nuvens,
sabes que voo
já sem me sentires aí...
eu voo, se tu me vires ...
voo!
Teresa Maria Queiroz / 3 Novembro 2010
Foto / Janjan Pais
4 comentários:
Olá Teresa,
Que bela descrição desse momento fantástico e sublime de voar por cima das nuvens, como que percorrendo um caminho onde o algodão é o asfalto.
Magnifica a descrição do nascer do Sol para lá do infinito campo de algodão, como magnifico é também o Pôr do Sol.
Lá em cima, onde nos sentimos infinitamente grandes e poderosos, onde nos sentimos voar.
Que bela recordação que hoje me proporcionaste sem querer num Poema que canta um Amor.
Parabéns Amiga Teresa.
Um abraço e até sempre,
José Gonçalves
Minha querida
Um belo momento de poesia, um poema maravilhoso.
beijinhos
Sonhadora
Eu vou se ninguém tentar pintar minhas asas com cores que não sejam minhas.
Adorei o poema.
bj
Teresa, que belo!
Um voar com a sensação de dançar com o SOL.
Um beijinho e um ótimo fim de semana para si
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