não eras sombra
nunca foste sombra sem se ver
não sei com que olhos te pude ver assim
e foi tal como pensei
olhos cerrados que nunca te viram
fazendo sombras em riscos de pano
que se afinam
foste olhos que se fecharam
que se abrem
arrelampados numa parda
miragem de ti
vi-te assim
vejo-te descoberto
encobres-te numa luz que não sei apagar
tento não olhar
desvio-me por todo o lado
os olhos traem-me
os meus olhos não se mexem
fogem-me pelo meu corpo
nos os seguro
viro-me e vejo-te de costas
volto-me
e vejo-te
reflexo em panos riscados
descubro-te não te vendo
destapo-te
e nunca tiro os olhos do que vejo
que o que mostras
nada é
imagem parda de nada
trai-me este olhar que não é meu
que me comanda a postura
viro-me e vejo-te de costas
destapo-te
e sei que nada vejo
invento o teu olhar
numa íris quadrada
numa íris acordada
íris cega de mim
não me adormeço
vendo-te atrás de nada
descubro-me
apavorada...
ordenam-me que te olhe !
fugindo
agarram-me o meu olhar!
e foi tal como pensei
num olhar que me prende
em nada
descubro-me
apavorada !
Teresa Maria Queiroz / 26 Outubro 2010
Foto / Sonja Valentina
6 comentários:
Continuando assim... continuarei voltando...
Bom dia About,
Bela Poesia acompanhada de uma fantástica balada musical.
Bela mistura de efeitos supremos.
Um abraço e até sempre,
José Gonçalves
(Guimarães)
como do nada se pode ter tanto! :)
[do que se guarda como reflexo, nada como definitivo... na sombra, como no espelho, do todo se espalha o que tudo se desvanece]
um imenso abraço, Teresa
Leonardo B.
Lindo poema e perturbador também.Adorei!
Os textos que escreves são de um muito profundo sentimento e partilha,este não fugiu à regra.Por aqui ando sempre atento e "bebendo",desta fonte de inspiração...numa semana de felicidade onde dou conta no "outro lado".
Bj*
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