numa alquimia purificada
tentei purificar ácidos puros
num cozinhado sem sabor
misturei líquidos com grãos de pó
e desfeitos não se deixaram ficar
numa alquimia
preparada por magos do meu tempo
tentei purificar
gaseificar momentos teus
nesta alquimia de magos aprendizes
aprendi que os os ácidos não se purificam
que os líquidos não se misturam
que o tempo não se move
nem se acaba
não se vê
não se cozinha
parti tubos de ensaio
com varetas de vidro mágico
purifiquei o ácido do tempo
remexi
remexi-me
remexi-te
misturei-te em líquidos de cor
numa panela
ao vapor
cozinhei-te numa alquimia purificada
remexi-me com varetas aguçadas
gaseifiquei-me num só momento de tempo
e por um só momento
cozinhei poções de mágicos sem tempo
e
só por um momento te vejo
reflectido em candeias
misturado em óleos raros
e neste raro instante puro
cozinhei-te sem sentires
adocei os ácidos
amassei os líquidos
cozi os pós do teu tempo
guardo-te em tubos de ensaio
escondo-te dos ácidos que me corroem
e por um segundo te tenho
e te remexo
num mágico instante de tempo
seguro-te
cozinhei-te sem nada saber
aprendendo alquimia com magos
aprendizes do meu tempo
Teresa Maria Queiroz /Outubro 2010
Foto / Sonja Valentina
5 comentários:
Está aí uma ideia que ainda não havia me passado pela cabeça: entrar para ferver no meu próprio caldeirão. Adorei! Adorei o post!
beijo.
Estas alquimias todas que sempre passam por dentro de nós... e nem sempre sabemos como derreter os metais para transformá-los em ouro!!!
Abraço, menina
Por vezes sermos auto-didátas,é sermos diferentes...acho!...daí este bonito texto.
Bj*
Um texto, diferente, criativo e até divertido! bem interessante.
Bjs
acho o título divinal!!! uma maravilha :)
Enviar um comentário