escorrego
tento segurar-me em grades firmes
escorrego num chão que me desliza
escorrego antes de aí chegar
presa num adeus que não digo
escorrego num adeus que desejo
levanto-me dum escarlate que ainda não provei
sem saber o sabor
apalpo uma textura lisa
será assim... qualquer adeus que não se anuncia...
liso
frio
escorregadio
luzidio
escorrego antes de me segurar nesses ferros que me podem sustentar
caminho
caio
levanto-me
tento afundar-me nesse vermelho que me chama
não me deixam nem mergulhar
não me deixam passar
não me deixam cair
avisto a miragem dum céu que me quer
o reflexo hipnotiza-me sem eu o perceber
escorrego
sem me agarrar em ferros
não vou consigo passar
não me merece um adeus que não se avisa
deslizo escorregando num caminho que não me sabe
aviso um adeus que não posso
de escarlate se inundam os meus olhos
luzidios
escorregadios
raiados de vermelhas emoções que não quero
anuncio um último adeus que nunca se sabe anunciar
caio
escorrego
levanto-me
não consigo alcançar esses teus ferros tão fortes
estuporada aviso um aviso que não se avisa
Teresa Maria Queiroz / Agosto 2010
foto de José Dias Correia
3 comentários:
Minha amiga, e por mais que queiramos nunca haveremos de provar, total e absolutamente, o gosto do escarlate.
Um beijinho
nunca ...Malu
bj
teresa
Eu tambem gosto muito de musica.
Adorei muito k em cada mensagem seja postada uma musica.
Vou ver se consigo fazer o mesmo no meu blog.
Obrigada pela lembrança.
FGGuimaraes
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