sempre tive medo que os meus pés se entrelaçassem nos raios das rodas das bicicletas
sempre tive medo que o selim se soltasse eu caísse por ali abaixo, sem ter onde me agarrar.
nunca soube endireitar o "guiador", fugia-me por todos os lados
eram sempre demasiado grandes para mim
nunca entendi para que servia o ferro enorme, entre o selim e aquela espécie de volante
as bombas de ar nunca me fizeram suster a respiração
os carretos das rodas estavam sempre cheios de um óleo viscoso e peganhento, seria esse óleo que teríamos que limpar o resto da vida ?
nunca me deixei descer uma ribanceira ...assim por ali abaixo....
agarrava-me com força aos travões e não saía do mesmo sítio, as mão ficavam vermelhas , de tanta força que fazia
nunca entendi porque me haveria de equilibrar em duas rodas
seria vida assim mesmo, equilíbrio inseguro---
não andava ..nem de olhos fechados
não andava na estrada
podia ser atropelada
nunca quis
sempre tive medo que os meus pés se entrelaçassem nos raios das rodas das bicicletas ....
TMQ 2011
Foto Teresa Amaro
4 comentários:
Minha querida
Eu quando era nova não tinha medo...a bicicleta era um vício...hoje tenho medo que os meus caminhos se percam nas curvas da vida.
Deixo um beijinho com carinho
Sonhadora
Queria escolher um texto teu, para deixar um comentário meu. Mas assim, torna-se dificil. São todos tão bons... Gostei muito de te ler.
Por vezes, sabe bem... Descer uma ribanceira. Assim por ali abaixo... Num desiquilibrio seguro.
Hoje, passo para te desejar uma santa Páscoa.
Beijocas.
Graça
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