não é límpido este riacho
é
tal como a vida
não é límpido
nem morrerá neste Outono
não é límpido
este meu riacho de sombras de neve e castanhas
não é límpida
a vida que nos corre atrás
não é límpida
nem morta
é
só uma vida que corre
e
fingida
não morre assim
num Outono qualquer
podíamos jogar com as sombras
jogávamos às cegas
fingíamos
num jogo de vida que não corre
neste riacho de sombras de neve
castanhas de amor
pinceladas
armadilhas
encruzilhadas
que nos fazem sentir amor
mas
não é límpido
este riacho
e
volto a correr para mim
de mim
nunca mais fujo
nascendo assim para correr
e
nunca mais morrer de amor
por aí
caindo num Outono qualquer
podíamos jogar
podíamos fingir
baralhar
as sombras nos davam só o que queríamos olhar
porque
não é límpido este riacho
que de belo tem os reflexos de neve e castanhas
mas
não nos banhámos
num Outono que não morre
que ainda só nasceu
neste riacho que corre
não é límpido
este meu riacho
que nasce para correr
e
nunca nascerá para morrer
corre
carrega armadilhas em si
ainda sem se aperceber
podíamos fingir que as sombras nos davam o que queríamos olhar
mas
não me molha este riacho
não nos molha
não me mata
não nos mata
e
podíamos fugir
pendurados nas sombras que nos davam só o que queríamos olhar
mas
não me é límpido o teu riacho
e corro
sozinha
só porque nasci
passo os olhos de repente
bebo a água feita neve
e trinco
troncos
de deliciosas castanhas
viva
corro veloz
atrás deste riacho de vida
.....
corro
sozinha
e só por um dia, não finjo ter nascido .
Teresa Maria Queiroz / 10 Novembro 2010
Foto / José Correia
4 comentários:
Podíamos tanta coisa e vamos deixando para trás.
Corra pra si mesma, sempre.
As respostas de tudo estão sempre em você!
=)
sim, poderíamos...às vezes sabe bem um pouco de faz de conta.
Por vezes é bom
respirar por guelras
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