sábado

não dormi mais

naquela altura eu misturava tudo
fazendo da vida uma enorme flor que ainda não tinha decidido a sua cor
tinha ido para viver e não para ir morrendo ... mas naquela altura eu não sabia como era essa flor, não lhe tinha ainda escolhido a cor

depois de mais um dia , e de meia noite , passadas contigo eu, embrulhava-me em lençóis e chorava sem ninguém ver a tua partida , ías suster a respiração até ao dia seguinte
Era assim todos os dias naquela cidade que não era a minha .
Tu chegavas e partias, nunca prometendo ficar, nunca pensei que não acreditasses em mim, nem sabia que não te passava pela cabeça que também tu podias amar
Ciente só da minha força que me parecia imensa , fiquei por ali naquela cidade calorenta, naquela cidade , onde encontravas a mesma pessoa na rua duas ou três vezes por dia
Estranhamente habituava-me a tudo, só alimentada de esperança , a mente comandava tudo e afastava todos os medos , não querendo definir a cor de nada
e via rosas misturadas, e via tudo sem limites
vivia assim...

naquela noite tudo foi estranho, naquela noite encontrei-te nervoso...
naquela noite parecias fugir de qualquer coisa... naquela noite eu não percebi nada e mais uma vez me enrosquei na dúvida que me aconchegava , nem percebendo porquê...

já a dormir toca o telefone

"olá sou eu... "
"já chegáste , está tudo bem "

"sim está .... "

só isto não mais que isto.....
não dormi mais, vi começar a clarear através das cortinas fechadas, senti o calor do dia começar a chegar...
senti a preguiça cansada de não dormir, a cabeça vazia sem saber o que pensar , sem saber o que engendrar para aquele nivo dia
quente
para aquelas horas de esperança e de imprecisão
não sabendo se chegarias ...

levantando-me já com o calor instalado naquela cidade a Sul, esperei sentada .....


1 comentário:

susana disse...

e ele chegou? Excelente conjugação de palavras, pela simplicidade. Principalmente pela simplicidade:)
um abraço
su