Se me obrigassem a falar do natal, como faziam na escola,
eu diria :
Que... não há natal!
Só fantasia, luzes, bolos bons, bacalhau com couves e presentes junto à árvore.
Isto começou tudo, quando eu era mais miúda, e prolongou-se ao longo de décadas.
Quando nasceu o meu “azeitoninhas”, assim continuou....
Era pretexto para ver a família toda, assim de empreitada! Tudo ao molho, sem se poder dizer nada de interessante a ninguém, disfarçar as mágoas, sorrir para as caras de todos.
Família, que durante o ano raramente se visitava, embora estivesse a um quarteirão de distância ….
Mas adiante …é natal e há tradições que não se quebram.
E lá continuei assim …
Os natais eram sempre alegres, apesar das hipocrisias, disfarçávamos tudo, e continuávamos alegres.
O tempo foi andando, ao seu ritmo, assim como ele gosta de andar.
As crianças cresceram …filho, sobrinhos, etc ..
Um ano qualquer, já faz algum tempo, terminei de repente com a feira dos presentes de natal. Quando, depois de desembrulhado um presente dado por mim … eu ouvi, sem acreditar no que ouvia, qualquer coisa como:
_tia! ca porcaria !
(ó santa honestidade, que tanto tem a ver com esta quadra!)
Foi remédio santo, nada disse… e acabaram-se os presentes de natal.
Nem imaginam o jeito que isso me tem dado. Quando hoje vejo tanta gente a consumir tudo o que vê, da forma mais estúpida, e ainda correndo o risco de ouvir coisas assim...menos simpáticas...e ser agradecida com sorrisos amarelados...
…………………………….
Passa mais algum tempo, e o meu “azeitoninhas”, tem que se dividir entre duas famílias tão distintas, em demasiadas coisas.
Natais a correr dum lado para outro, de cidade em cidade, oitenta quilómetros de distância, de madrugada para almoçar ali, e voltar para jantar acolá.
Sacos cheios de presentes, de família que quase nunca via, e que nesta altura se esmerava em ofertas “compensatórias”
Como eu abomino o egoísmo!
E como um fantoche lá se movimentava, o meu "azeitoninhas", dum lado para o outro, fingindo que estava contente.
E estava. Por bocadinhos, eu sei que estava ….
Mas a maioria das vezes era um suplício.
Até porque lidar com a outra família, não lhe era nada fácil.
Com esta família, ao pé de mim, estava em casa , e quase feliz.
Hoje fico triste por não passar este natal ao pé dele.
O meu “azeitoninhas”, vai passar o natal sem a mãe !!
Está longe, e passará pela primeira vez na sua vida, o natal sem as suas duas famílias, que se desmultiplicam em não sei quantas pessoas ….
Vai passar o natal, com a sua namorada/companheira de luta e aventura.
Triste por estar sem ele ao pé de mim… e muito feliz!
E assim de repente lembrei-me da minha irmã muito pequenina, já lá vão mais de trinta anos, a recitar um poema de natal, começava assim:
Natal.. Natal que significa..
Aos pobres.. aos pobres, não muda a vida …
30 comentários:
Eu gosto do Natal, se bem que seja uma época um bocado nostálgica! Por todos os que já partiram...
Mesmo que te possa parecer hipócrita, suponho que não é a noite adequada para a pessoa desabafar - caraças, tem tantos dias no ano para isso, porque é que há-de estragar a festa?! Afinal de contas, todos temos sempre alguma razão de queixa sobre como as coias nos correm, não? ;)
Beijocas
claro que sim teté ... nada contra , apenas um apontamento. eu sou-te sincera ...já gostei mais :)
beijinho
Eu gosto! É sempre uma farra. Mesmo quando os meninos dizem: roupa, de novo?! :)) Mas é que estes dois ganham tanta coisa durante o ano dos avós que, quando chega no Natal, sobram as roupas. :) Este ano um vai ganhar um computador e o outro guitarra - portanto, pode vir uma tonelada de roupas qeu eles vão estar felizes. :)
Mas até deu uma pontinha de saudades quando você falou do seu filhote indo a Paris. Logo logo serão os meus... E eu com saudades antes da hora... ;)
bjs
Eu não tenho mais a mínima fé no Natal. Esforço-me por causa do meu pequeno, ainda cheio de ilusões.
Mais uma vez sublime como sempre.
Belo texto que me fez lembrar outros Natais, os meus.
este foi o texto mais lindo que escreveste, para mim... estava recheada de sentimentos... revi-me bastante em ti e o meu Natal é como o teu... já pouco "de fachada"... QUE BOM! o tempo resolveu quase tudo...
jocas
Teresa,deixei uma mensagem de boas festas a todos, no meu blog, mas sinto a obrigacao de o fazer pessoalmente a alguns. Entrei de ferias e provavelmente nao passarei por aqui ate ao ano que vem. Deixo-lhe os meus voros de um santo natal e bom ano para si e para os teus. Beijos
Tudo o que penso do Natal de hoje está escrito neste texto,
Uma pergunta, não pode ir a Paris no Natal?
um beijinho grande
olá Ana , bem vinda :)
pois o natal é mesmo isso....
não a Paris não posso ir ... falta o dinheiro para a passagem ...:( :) só em fevereiro
beijinho
Boas Festas Francisco !!!!
uim beijo
Lebasiana ... é assim que sinto o natal ... já foi diferente
Demóstenes .... quem inventou o natal , acho que não asabia o que estava a fazer:)
Disse
obrigada ...como sempre :)
Bípede , pois acho que vale a pena o esforço pelo pequenino :)
porque o natal é isso luzes ...bolos e Presentes :)
beijinho
Senhora
ainda bem que festejas assim o teu natal :) bom natal para ti :)
sim as saudades são muiiiiiiitasssss lool
bj
Olá!
Eu adoro o natal...
É tudo verdade ( ou quase ) o que dissete...mas nesta época pelo menos somos e sentimos que estamos juntos e por momentos quase esquecemos mágoas e diverg~encias , que nem serão assim tão importantes_=)))
Beijocas
Mesmo nos tempos em que o Natal para mim era uma festa, sempre tive essa sensação de momentos de plástico, com que as famílias querem adornar a indiferença de um ano inteiro. Compreendo-a muito bem, porque para mim, é um grande alívio quando acordo no dia 26, depois de tudo ter passado, os papéis de embrulho escondendo inutilidades terem sido arrumados no caixote do lixo e a euforia consumista das pessoas ter sido saciada.
No fundo, porém, tenho pena de já não sentir aquele "frisson" da época. Sobre isso irei escrever proximamente lá no CR.
é uma altura do ano que particularmente gosto! e sei que tenho de aproveitar ao máximo aquilo que tenho agora pois amanhã já não sabemos se teremos a mesma alegria! Vamos reinventando o Natal!
é uma altura do ano que não gosto particularmente. revi-me nessa estória de ter que me dividir entre duas famílias, durante anos. felizmente "a vida" encarregou-se de acabar com isso. por mim, hibernava em finais de novembro e depois do ano novo retomava novamente a minha vida. as prendas, essas, são para ir dando com sentimente e verdade ao longo do ano.
a mim, se me obrigassem a falar do natal, como faziam na escola Eu diria que passo bem sem ele, muito obrigada!
Cara Teresa,
Vim agradecer a gentileza da sua visita e acabei por ficar a vaguear por aqui...
O Natal é a minha época do ano favorita. Adoro as reuniões de família, a confusão, todos a falarem com todos ao mesmo tempo, a comida e as trocas de mimos.
Quanto às prendas, também já levei com comentários do género «Já tenho.», «Para que é que isto serve?», ou «Um livro? Eu nem tenho paciência para ler!»... A sinceridade dos miúdos,às vezes, é cruel... :)))
Não me importo. Sou generosa e continuarei a
sê-lo, sem andar para aí na correria louca das prendas.
E, a propósito, um excelente Natal para si! Fevereiro está tão perto!
Abraço.
Eu do Natal o que mais gosto, é do bacalhau ;-)
Beijo
Este ano não me apetece o Natal. :-(
Por isso, eu não vou celebrar!
Bj
Há anos que ando de birra com o Natal! A razão é praticamente a mesma que refere no seu texto. Compreendo-a!
Mas andar de zanga não quer dizer que tenha deixado de lhe falar. E foi com ele conversando que, entre nós, o instituimos, muitas vezes, ao longo do ano. Em cada aniversário, cá pela minha tribo são muitos, há um Natal com prendas. Todos as recebem com sorrisos, abraços e beijos. "Olha que bom, era mesmo isto que eu queria", "Como é que adivinhaste?","Já viste, mãe, os avós têm bom gosto!","Esta é a camisa que eu queria", diz um dos filhos! E, por aí fora.
Que raio dá ao Natal, para que no dia, que nos ensinaram ser o seu, tudo mudar!?
Agora até se ouve "o que eu queria era dinheiro".
Somos generosos, como diz a Austeriana, e continuamos a sê-lo, mas não deixo de andar de zanga com o Natal.
Que o seu Fevereiro chegue depressa!
Bjs
"Este natal, eu não vou ser hipócrita!" qdo conseguimos isso , o NATAL fica lindo!! a gente descobre que o problema não estava no NATAL nem nas pessoas, mas em nós mesmos!! FELIZ NATAL SEM HIPOCRISIA!!
E PODE cometer o "pecado da gula" a vontade!!(rsrs) bjos Rejane
De facto o Natal, cada vez mais, se traduz numa festa de consumismo onde nos juntamos com todos aqueles q não conhecemos e de quem (a bem da verdade) nem sequer gostamos, mas tem de ser pq são a "nossa" família...
Uma festa de hipócrita partilha "onde se oferece algo a alguém apenas pq tb nos ofereceu o ano passado e parece mal, não dar alguma coisa..." e não porque queremos fazer essa pessoa feliz...
Tenho saudades daquele "outro" Natal, aquele que perdemos, deixamos escapar porque nos roubava tempo e dedicação, em que as nossas avós nos faziam botinhas de lã, porque não queriam q tivessemos frios nos pés...
_QUANDO COMEÇEI A PENSAR MAIS NO NATAL DO QUE A VIVÊ-LO,ACABOU-SE O FEITIÇO... FICOU UMA SAUDADE MUITO AGRADÁVEL,QUE PESA MUITO MAIS QUE A IMAGEM MUITO NEGATIVA QUE TENHO DELE AGORA...
___ TONINHO NETO
(THANKS POR ME FAZERES PARAR, MAIS UMA VEZ, PARA ESCREVER/PENSAR UM POUCO ...)
Eu gosto do Natal porque as pessoas são mais hipócritas , têm mais estratégias, são mais evidentes nos seus acertos de contas , limpam-se mais, são mais burras , e querem passar por inteligentes pondo areia nos olhos dos outros . Tentam fazê-lo por todos os meios , e isso diverte-me muito .Há Natal todos os dias , hoje aqui é dia de Natal
A.P Ventura
Olá Teresa
Eu estou tão de acordo com o que escreve sobre o Natal! Pena que ainda não estou em condições familiares de bater com o pé no chão e dizer:"Já chega!" Talvez um dia!
Bjs
percebo completamente. Estou com curiosidade de ler o seu livro. Muito obrigada por ter passado no meu blog e me dar a oportunidade de conhecer o seu. Um beijinho e tudo de bom neste e pós natais *
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