segunda-feira

Seguro-te nos meus braços, feito boneco sem vida





Agarro-te assim tão seguro, que nunca te desligarás de mim, corres junto ao meu peito.

Pego-te ao colo, e com estes pés descalços de menina, passo assim tão depressa e sem sentir por entre almas penadas, que se soltam de corpos inanimados ,que piso e esmago sem querer.

Esses corpos que já nem me sentem, que já nada conseguem sentir...

e sem espaço para correr, passo-lhes levemente por cima, sabendo que nunca me conseguirão deter.

Nesta correria que não pára, seguro-te nos meus braços, feito boneco sem vida .
Esperança que carrego sem me pesar, para que não te possas desligar de mim...para nunca te deixar cair po aí.

Preciso da esperança que me dá, este boneco quase sem vida, que carrego pelo meio de mim.

É toda a força que me move.

Não quero sentir estes corpos moles, que piso sem querer.
Cheiro as suas almas penadas ,que me ajudam, e que me falam sem eu as conseguir ouvir...

as vozes ensurdecedoras que me guiam, para lá deste tumulto em que passeio.

Corro depressa , corro sempre, corro sem parar, corro sem sentir, seguro-te no meu peito, sem nunca olhar para trás ...não há tempo!

Segurando-te feito boneco empalhado, não te vou deixar cair, minha esperança!

Essa esperança que sustento com tanta força , e com pressa de chegar ao fim... a esse final que é só meu.
Corro com saudades dum futuro.

Corro feito menina, e ao de leve piso essas almas penadas, sem querer.

assim com tanto cuidado, para não as fazer doer...

e para ali, eu nunca te deixar morrer.


Teresa Maria Queiroz/ Junho 2009 foto de José Dias Correia (obrigada Zé , por esta fantástica foto, sei que a dedicou a mim...:) )

12 comentários:

Francisco José Rito disse...

Uma declaracao de "bem querer", muito bem conseguida.
Um beijo, Teresa

Anónimo disse...

Ena!!!! Sou descoberta por um blog digno de se lhe tirar a cartola!!!! :)

Sim senhora, boa escrita!

Quanto ao gato, sim, sei. O problema estará em leva-lo a lx... mas diz alguma coisa que vamos ver o que se pode arranjar aqui de perto de onde dizem que nasceu portugal.

Beijos

Nilson Barcelli disse...

Querida amiga, adorei este texto.
Tens talento.
Boa semana.
Um beijo.

PAS[Ç]SOS disse...

Na ansiedade do destino, o afago da esperança. A corrida desmedida entre o que deixamos para trás. A força de chegar, sem esquecer o pedaço que fizemos nosso, sem o qual deixaremos de ser.

Sonhadoremfulltime disse...

Amiga quantos de nós temos a vida presa por fios, como uma marioneta que não aprendeu a erguer-se por si só.

“Os meus braços e as minhas pernas esperam pelas tuas mãos para me ajudares a mover. Anda faz-me andar por mim e por ti.
Preciso tanto das tuas mãos. Anda e segura nessa pega que me faz andar. Anda que eu visto-me de Outono e levo as tuas tristezas e lágrimas sem que dês por isso.
Segura-me com as tuas mãos e dirige os meus passos no trilho que nos afasta e que tanto medo me causa. Encerra o pano e guarda-me só para ti.
Abre o pano e expõe-me à plateia.
A minha vida em cada mão que me embalou. A minha vida nas tuas mãos. Anda daí e dá um nó nestes fios que nos pertencem e me prendem a ti. Anda daí e corta os fios que prometeste que nunca nos iriam separar.”

Este trecho faz parte de um projecto “A filha que nunca tive”
Beijo

Hugo de Oliveira disse...

Brilhante texto, viu.


abraços

Hugo

Disse disse...

Vermelho. Intenso. Brilhante. Genial.

S* disse...

Um agradecimento fantastico!

Ritinha disse...

às vezes sinto me msm assim...

beijinho

Teté disse...

Essa esperança é mesmo de não largar, não é necessária é tanta correria... Um dia de cada vez, Carpe Diem... :)

Beijocas!

AnaMar (pseudónimo) disse...

O encontro das almas que não se desligam sombra com sombra numa pantomima de sobressaltos.

Por vezes atravessamos a multidão. Pisamos sem intenção corpos despojos do dia. Para manter junto ao (nosso) coração a quem queremos mais do que a vida.
Bj

Luz disse...

Teresa, mais um bom texto :)
Há uma corrida em busca do que ficou e do que há-de vir, a esperança que queremos manter e que nos agarra aqui nesta vida em que auspiciamos um futuro que nem sabemos se vamos viver, mas não podemos deixar de ser.

Bjo