sequei-me num muro rasgado por finos traços
relevos
marcados num tempo que me secou
hoje poderei escorregar por ali
nem me seguro
nem me movo
quedo-me
sussurra-me !
posso espreitar
calada...
devagar
posso-me segurar em fendas mal feitas
hoje já
seca de tanto me molhar
espero não cair
acho que me consigo agarrar
desejando que não me sopres
espero um tempo que não me mova
espero um vento que não me leve
e tão leve me seguro em pontas
aprendi assim...
posso segurar-me em fendas mal feitas
esperar...
agarrar cantos
relevos dum tempo construído
gravado em riscos finos
sem luz
sem medo
de medo ter...
seguro-me a mim
não me sopres!
hoje poderei escorregar por ali
colada a muros secos
não me movo
não me sopro
não me sopres !
segura-me !
sussurra.me ...
seguro-me...
sei que me posso desprender
seguram-me fendas mal feitas
relevos dum tempo que me movia
seguro-me
esperando a brisa que me leva
seguro-me
desejando que não me sopres
segura-me !
e
espreito-te
esperando por mim...
sussurras-me ...
Teresa Maria Queiroz/ 14 Dezembro 2010
Foto / Sonja Valentina
3 comentários:
Bonito Teresa, muito,muito bonito...
Pode até molhar-se novamente, podes fazer o que bem entender...
E por aqui me quedo, esperançado que o 2011 te traga de volta o que deixaste fugir neste velho ano que se esfumaça no tempo.
Beijos
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